VI Congresso Nacional das Populações Extrativistas reúne mais de 290 extrativistas da Amazônia e outros biomas para discutir a defesa da floresta e do clima  

Mais de 290 lideranças dos territórios tradicionais de uso comum, representando coletivos, associações, cooperativas e sindicatos, com presença marcante na luta em defesa das populações extrativistas, participam do VI Congresso Nacional das Populações Extrativistas, que acontece de 13 a 17 novembro, no Campus Darcy Ribeiro, Centro Comunitário Athos Bulcão, na Universidade de Brasília (UnB).

Com a temática “Populações tradicionais extrativistas, em defesa da floresta e do clima”, o Congresso é promovido pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), organização criada pelo líder seringueiro Chico Mendes e seus companheiros, durante o I Encontro Nacional dos Seringueiros, realizado em Brasília, na UnB, em outubro de 1985.

Em plenárias e grupos de trabalho, as lideranças debatem pautas relacionadas a mudanças climáticas e crédito de carbono, manutenção e consolidação de territórios de uso coletivos, organização e gestão e políticas públicas sobre educação, saúde, produção, crédito, saneamento básico, energia elétrica e outros temas correlatos de interesse dos povos da floresta.

Durante o VI Congresso, também haverá a eleição e posse da nova diretoria do CNS, composta por 12 membros, para o quadriênio 2024/2027.

Segundo o presidente do CNS, Júlio Barbosa, o objetivo é sintetizar novas ideias que reforçarão o plano de ação pela criação de novos territórios, consolidação das áreas existentes e proteção das populações tradicionais.

“O VI Congresso acontece no momento em que o Brasil retoma o processo de redemocratização, após graves turbulências políticas e sanitárias, onde nossos territórios foram extremamente ameaçados. Nos últimos anos, vivemos enormes desafios para tornar o meio ambiente equilibrado, justo e de todos (as), como avanço do desmatamento, extração de madeira e garimpagem ilegal, aumento da violência contra nossas lideranças e a carência de políticas públicas de implementação, governança e gestão dos territórios. Todas as contribuições integrarão nossos próximos passos em prol da floresta viva e pelo futuro dos Povos Tradicionais”, explica.

Delegação do Acre

O Acre está presente no evento com uma delegação de cerca de 30 pessoas, sendo dirigentes e representantes de cooperativas agroextrativistas e da agricultura familiar, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Acre (Fetacre), associações e sindicatos rurais, moradores das unidades de conservação da Resex Chico Mendes, do alto Tarauacá, alto Juruá e assentamentos agroextrativistas como o PA Equador, Santa Quitéria, entre outros.

O diretor do Ramo Agroextrativista da OCB e presidente da Cooperacre e da Copaeb, José Rodrigues de Araújo, ressalta a importância desse momento.

“Um momento de grande relevância, estamos debatendo formas de fazermos a defesa da nossa maior riqueza que é a floresta, o clima, o fortalecimento das cadeias produtivas, nossa forma de organização, a preservação dos animais que habitam nessas florestas, o bioma como um todo, tem sido falado praticamente em todos os painéis da necessidade de termos instrumentos de organização econômica das pessoas da Amazônia legal, quer dizer, considerar o ser humano, e o cooperativista tem sido visto como um instrumento para alcançarmos isso, uma ferramenta importante para ajudar no desenvolvimento e no crescimento econômico da Amazônia e das pessoas que habitam”, disse.

De seu lado, o presidente da Organização das Cooperativas no Acre (OCB/AC) classificou como muito relevante o Congresso e as discussões sobre a reformulação de políticas públicas que já estão sendo executadas, além de ferramentas para melhorar a execução dessas políticas. “Este congresso tem algo bem importante, que é conectar a base que está lá no território, na floresta, com o pessoal aqui de Brasília, que está formulando e executando as políticas públicas. De acordo com a programação, os temas são muito importantes, não só para as cooperativas extrativistas, para as cooperativas da agricultura familiar, as cooperativas de economia solidária, também para as cooperativas da área de crédito, porque estão sendo debatidos temas que impactam diretamente no cooperativismo em toda a Amazônia, no estado do Acre em toda a Amazônia legal”, finalizou.

Programação

13/11 (segunda)

9h: “Fórum das Mulheres do campo das florestas e das águas em defesa do clima”

14h: Início aos credenciamentos

18h: Jantar cultural

19h: Mesa de boas-vindas

20h: Leitura e aprovação do Regimento Interno do Congresso

21h: Show Salve o Cerrado

14/11 (terça)

9h: Mesa de abertura com lideranças e autoridades extrativistas

14h: Painel “O papel dos territórios de uso sustentável no combate à crise climática”

16h: Plenária

19h: Jantar cultural

15/11 (quarta)

8h30: Painel “Consolidação dos territórios de uso sustentável, regularização fundiária e infraestruturas para as Reservas Extrativistas”

10h30: Debate em plenária

14h: Painel “Gestão socioprodutiva e as linhas de financiamentos para as economias da Sociobiodiversidade”

19h: Debate em plenária

20h: Jantar cultural

16/11 (quinta)

8h30: Painel “Gestão e Organização Social dos territórios”

10h30: Debate em plenária

14h: Formação de Grupos de Trabalho

16h: Plenária de aprovação da Resolução do VI Congresso Nacional do CNS

19h: Jantar

20h: Sarau cultural “Forró no Seringal”

17/11 (sexta)

8h30: Organização do processo eleitoral

11h: Eleição e posse da Nova Diretoria do CNS para o quadriênio 2024/2027

14h: Mesa de encerramento

16h: Retorno das delegações

19h: Jantar cultural

Texto: Andréia Oliveira com informações do Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS.

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