Mulheres reais: Fran, a selecionada de castanha

 Francisca da Silva (Fran) é selecionadora de castanha na Cooperacre

É comemorado mundialmente no dia 08 de março, O Dia Internacional da Mulher. A data mostra imensa importância do papel da mulher na sociedade e a história da luta pelos seus direitos.

A presença feminina é predominante em parte dos trabalhos manuais da produção da castanha-do-brasil, antiga castanha-do-pará. E fomos conhecer de pertinho as histórias de umas das colaboradoras da Cooperacre, que é uma cooperativa onde muitas mulheres são responsáveis pela quebra da castanha. Além de funções de extração do óleo, elas também fazem a limpeza das amêndoas e as classificam.

Fran, como ela costuma ser chamada, é uma das selecionadora há mais de 12 anos em uma cooperativa de castanhas no estado do Acre.

E lá estava ela meio tímida, olhando de um lado para outro… o seu pé balançava mais que tudo, mas assim que o microfone foi ligado juntamente com as câmeras ela começou a relatar a sua linda história de vida.

Dona Francisca da Silva é uma entre milhares de mulheres brasileiras que são mães solteiras e que não deixam de serem guerreiras e batalhadoras.

História de Vida

Ela que nasceu no interior de Senador Guiomard, uma cidade com um pouco mais de 23 mil habitantes, viveu ali à base de pão de milho, bodó, e muito amor envolvido. Vinda de família humilde, começou a trabalhar muito cedo. Seu pai era seringueiro e pedreiro. Durante muito tempo Fran passou o acompanhar no batente. Ela fazia massa, carregava tijolos, exercia a famosa função de orelha seca, como chamamos aqui no Acre.

“Eu nunca tive vergonha de trabalhar, sempre gostei de colocar a mão na massa, e acredito que as pessoas que são assim como eu, que possui uma história mais humilde, costuma ter mais fé na vida e dar valor as coisas, sabe!?”.

Aos 24 anos de idade, ela teve a oportunidade de conhecer o trabalho feito com a castanha e se encontrou na profissão.

Durante toda a sua trajetória de vida, ela afirma que foi de muito aprendizado e luta.

Hoje com 36 anos, ela é selecionadora na Cooperacre, uma das maiores cooperativas do ramo da agropecuária aqui no estado.

“Todos os dias eu levanto cedo, né! Chego ate aqui e visto meu manto sagrado: bota, calça, luvas, touca e máscara, depois disso que começo com o meu trabalho. Minha função é selecionar toda a castanha. Aqui a gente separa elas por tamanho, largura e diâmetro para ficar bem ajustada dentro pacote”, explicou.

Algumas regras devem ser seguidas para o melhor processamento das castanhas.

Fran relata que não pode ter unha grande, não pode usar batom, acessórios e nem perfume, tudo isso para ter um total zelo pelas castanhas que ali são processadas.

“Eu sou apaixonada na minha profissão. Eu já tive depressão, sabe? E isso tudo pra mim é uma terapia. Chegar ao meu trabalho e ver as minhas colegas. O nosso trabalho é muito sério, porque é através das nossas mãos que chegam até o cliente, o nosso produto”.

Fran já trabalha neste ramo há muito tempo, e as vezes ela afirma que precisa conviver com alguns comentários, relacionado a profissão que escolheu atuar.

“Às vezes as pessoas chegam até minha pessoa e perguntam porque eu continuo trabalhando com castanhas, eu simplesmente respondo: ‘porque é o que eu amo fazer’. Eu já fui até promovida para gerente de produção e eu sou grata demais pela minha profissão de selecionadora de castanha. Aqui eu sustento minha família e tenho minhas coisas. Casa, transporte, meu sustento e é através do cooperativismo que eu tiro o sustento da minha família”, disse Francisca.

Encorajamento

Neste dia da mulher eu gostaria de falar para todas as mulheres deste Brasil, e do meu querido Acre, que vocês possam lutar pelos seus sonhos e objetivos. Quer estudar? ESTUDE. Quer trabalhar? TRABALHE. Seja uma mulher independente. LUTE. Porque, olha… tem tanta mulher trabalhadora e guerreira que é impedida de lutar pelos seus objetivos, e isso é uma coisa muito triste. Eu sou independente e tenho orgulho da minha profissão, afinal meu trabalho me oferece dignidade e o meu pão de cada dia, destacou Fran durante seu depoimento.

Assista ao vídeo abaixo e conheça a história da Fran!

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